tag:blogger.com,1999:blog-18511718766915450382024-03-13T04:30:43.743-07:00Folha - VII - Temáticos: Instantâneos Urbanos" Fernando Oliveira "fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-11529290658274463392012-04-05T19:55:00.000-07:002012-04-05T09:45:56.862-07:00a canja não tardaesvoaçam penas na cozinha tosca
onde fumega uma panela num chão de pedra
feito lareira
com paus de castanho e rama de oliveira
que enviam fumo perfumado
para presuntos e enchidos pendurados no telhado
cheira a domingo
a ama traja roupa limpa
e um chapéu de pano sobre o penteado
o pão chega da casa do forno
descansa ao lado da caneca de vinho
os sinos trinaram a missa do dia
e o galo já cessou fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-55056221102695530662012-04-05T09:43:00.000-07:002012-04-05T09:44:49.127-07:00fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-57312624924875000792009-03-11T22:14:00.000-07:002009-03-11T22:16:21.364-07:00A corrida das nuvensNão sei que estação é!Mas todas correm para o nortesuponho que venham do sul!...São flocos de lã brancanum chato espaço que não sabe dizer o nome. Um céu azul careca, sem lua.Perdão! Com uma lua falsa, ou então a minha vista é que é falsa.Vejo agora uma lua de meio dia. - Quero dizer de noite meia.Não sei que lua é. Mas perguntando nos correios, disseram-me que era cheia...Cheia de quê, de mim, fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-31277189861281470982009-03-06T19:03:00.000-08:002009-03-06T19:06:16.455-08:00instantes climáticosvejo um escorpião no céu de marçotão branco que duvidoque seja da épocatão bem desenhado no azul chorão duma noite sem confusãoagora já não étransformou-se em cãoum cão de rabo ramalhudoe de orelhas sem barbeiroé verídico o que digoum cão que valeria dinheironas praças de Milão ou de Genebra tão bela parece a sua cataduravi isto agoracomo na guerra é em directo...- uma esquisitice da natureza - fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-18783349959282202952009-03-01T16:20:00.000-08:002009-03-01T16:25:21.658-08:00Passaradaum dois trêsquatro passos de pombo indiferente na rama do pinho a elegância do tamanco bombeia o pescoço virado ao poente olha para trás para ver se o seguem e com o bico cinzento arranha o peito branco bica e repicapara ver se o percebem até que um corvoesvoaça a seu lado olha para as pombascom um mero piscar-de-olhoe levanta voosem pensar um bocado volta para trás quando sente o engano pois fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-32312013311507767912009-02-22T20:22:00.000-08:002009-02-22T20:23:38.879-08:00Instantes de novembroO céu está baixo as nuvens dançam um passo doble o sol tenta abrir uma pálpebra preguiçosa a língua morna não vence as cortinas de algodão cinzento tanto aquele está barrento. Cerro do norte com algum vento Que bom tempo!... - o mar fala sozinho - que arreda de mim os barcos cujos que de marujos, apenas as cotovias se queixam no fundo do vasilhame Os meus peixes, que até agora estavam mudos fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-77131685482646439122009-02-20T19:27:00.000-08:002009-02-20T19:28:04.177-08:00Instantes dum invernoAssembleia alada na floresta nevadaAs aves reuniram-se no mais alto e frondoso castanheiro… A densidade era tal… Que a árvore destoava… Na floresta de cúpulas e.. ramarias nevadas… Um ponto escuro e rabugento.. na imensidão da brancura estática… Cada um gorjeava o seu dialecto.. na reunião sem protocoloA pega com ar brejeiro.. abre a sessão e o cuco ainda de casaca.. faz de escrivãoa pomba fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-80797884835775596372009-02-11T11:57:00.001-08:002009-02-11T11:57:55.737-08:00instantâneos de julhoapagaram o sol...agora acendam as estrelasapagaram o solmas não acenderam as estrelas...há um fumo em forma de caracolque não me permite vê-laspororoca de confusão sem bemolcomo o ordenar das caravelasdum tonto capitão sem rolque deixou o mapa nas capelasapagaram o sole não acenderam as estrelasferoolfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-50669252236954744502009-02-07T19:34:00.000-08:002009-02-07T19:38:09.585-08:00É natal...Fechado num quarto dum alberguefiz as pazes comigo A cidade morreuMas a música natalíciaainda ecoa no meu cérebroTenho que me lavar... Enfim o silêncioEstou esplendidamente sómas lavado Por um diaevacuei a sociedadee nada dei Não tenho folhas de azevinhoverdes como a filantropia Apenas cascas de carvalhoque Júpiter me ofereceu Não posso dar o que recebifalta-me catolicidade Nem tenho frutos fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-33677014370579649602009-02-05T17:30:00.001-08:002009-02-05T17:30:20.849-08:00os cabos do tempoalguns dobram o cabo do tempocom golpes de mímica secularcolhidos na clareira do lapsosão entidades enciclopédicas que engelham e afluem na nesga onde flui o feto do ovo outros mergulham no olho da tormentacomo a flor do desgostomorrem na culpa da estaçãosão sombras anémicasque golpeiam as veias do cicloesgotando o esboço do factoferoolfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-36471749328907391992009-02-03T19:09:00.000-08:002009-02-03T19:10:25.936-08:00instantes de setembrodurmo nas fraldas do equívococom os pés vivos e a cabeça morta no chão ao lado dos chinelosepístolas descansamabraçadas ao tapetebebendo a dor dos passos vencidosrebentam trovões no quarto vilsão sinos que ladram e cães que tocama sinfonia duma manhã que não queroainda não adormecie já me acordamonde está a leiteiraque pão cozeu o padeiroque horas sãoque dia éque missa me serviram na vésperaque fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-4932737773516334162009-02-01T11:09:00.000-08:002009-02-01T11:11:00.546-08:00o amálgama do solIapaguem-me este sol impiedosoou activem um ventofausto forte e friodesamparadas da graça da natureza as castanhas assam no castanheiro com os arroubos do fogaréua cigarra há muito desmaioué a formiga que cantano subterrâneo racionalo oceano dorme preguiçosamentesem a fragrância da iraé mais manso que um regatoas víboras rendilham nuvens e os macacos suicidam-se na cachoeirade encontro ao chão fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-20355051981319864972009-01-31T19:02:00.000-08:002009-01-31T19:17:30.350-08:00instantes de outubroa temperatura caiu tão de repente o vento exibiu todos os seus recortes que o regresso ao lar era muito urgente fugir do frio é cobardia dos fortes aqueles que não aceitam o desafio do parir gelado como fio de navalha no dia de outubro que até então era estio e de repente volveu reverso de fornalha bem dizia a imagem do meu velho sobretudo que homem avisado é aquele que desconfia da cara do fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-59522206832997054452009-01-29T21:50:00.001-08:002009-01-29T21:52:48.003-08:00há dias assim - que não assam nada -era um dia chato no calendário ocidental uma pedra na canículao erro do solaquele ponto sem leitura que simboliza a beleza duma estação esquisitaerrouno lugar de esquentar os peitos já crestados por beijos indecentesque mirravam na procura do olhar infernalcessou de emitir as mensagens de vaidadeficaram na areia algumas nonas expulsas do livro sagradoviradas do avesso rezando um verso fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-18913053986543794492009-01-07T08:34:00.002-08:002009-01-27T18:05:47.078-08:00o erro da chuvao céu espreme as nuvenssem piedadeé indecoroso chover na terra encharcadaquando a angústia suspira no tédio do deserto que espera o animar arenosona orla dum culto polidoonde o céu ri a meias com o sol se aquém do horizonteas palavras se escrevem com humidadealém no espaço nutrido de agoniasas letras esturram na fralda secaferoolfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-32560164447181324802009-01-07T08:34:00.001-08:002009-01-26T08:57:04.085-08:00a fervura da terracom um sorriso de impetuosidade - no vértice do seu poiso -o astro rei pinta o céu de fungo vermelhãoas ervas fervem e as formigas revoltam-seacoimadas pela naturezarosnam pelo chã vertidono ingénuo tapete que o sol metamorfoseouem levedura de lodo ardentecom as antenas em efervescênciapenetram no subterrâneodum ervário mais clementeesperando a morte do solferoolfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-76655901421115992002009-01-07T08:34:00.000-08:002009-01-23T18:57:36.705-08:00temporadas e o mito do ninhoaquém do ovoos prefácios da inverniasão colunas de primaveragarbos de pasmobrotados de mina estóicaindagos de legitimidadeque vestem a albumina de brancoe a gema de rosa raizdurante o ovoa leitura do talento límpidoé auspicio de prolixo estio rasgos de autenticidadeestendidos no feixe de capimaquecem os bicoscom gírias de cabalas quentese archotes de caldo intenso além do ovoventos de ousadia fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-47329970653835763752009-01-07T08:33:00.000-08:002009-01-11T16:50:33.563-08:00a moça e os cãesa moça é magricelade negro sujo vestidade sujo negrolavadacravada de ferros em todo o seu fadona pele como na roupagemna alma como no passaporteinfanta de siperegrinafilha de algum amorque volveu loucuraagora sem baptismonão sabe dizer pai nem mãea miséria é a arte da vidana urbe estrangeiradacom elasete cães a olhamcom fome de lenhadoresela não vê nem olhaeles não a vêem olhandodesejos de jantarfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-14910267449278473642009-01-04T20:06:00.000-08:002009-01-06T20:08:09.293-08:00rostos de maio Iem maio faz frio e calorventa e emudecechove grosso ou miudinhotudo se manifestana superabundância sensualtudo é farol em andamentoaté granizo cai no arvoredoque desfaz o ninhoe a atmosfera se revelaem quantos minutos tem o diauma pega chinfrineiravigariza o silêncioem maio só existe o diaa noite é baunilha-dos-jardinsde cheiro e calmae a lua foiceque predispõe à colheitada eucaristia- o céu é umfernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-10042871545577494022009-01-03T18:02:00.000-08:002009-01-03T18:03:12.880-08:00rostos de maio “parece vida”o amarelo risca o verdeque risca o amarelosob a cúpula azulque hoje não chorao patriarca vende pãopara pão comprarcacos velhos expostos à vivissecção da consciência mercantilexalam as últimas gotas de memóriaa miséria sobrepujasse à soberbana calçada indefinidaa desobediência do cãoaltera o ritmo da naturezaé maioparece vidaa camada de terra aráveltransuda mensagens do subsologritos cabralinos fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1851171876691545038.post-51159857410762908432009-01-03T16:52:00.000-08:002009-01-03T16:55:52.397-08:00luarages“verde.. azul e cera a contagem.. é complexa tacha.. de primavera nada rima apenas o instantâneo prima” a visão é fidedigna e o quadro é natural a lua é estúpida.. ou curandeira... olha-me.. como uma careta a sobrancelha esquerda carregada e a face direita desbotada a boca é imensa.. mas fechada no céu uniforme.. assusta as andorinhas que pipilam em voos rápidos e imprevistos até à colisão.. fernando oliveirahttp://www.blogger.com/profile/11528889551883257501noreply@blogger.com0