“verde.. azul e cera
a contagem.. é complexa tacha.. de primavera
nada rima
apenas o instantâneo prima”
a visão é fidedigna
e o quadro é natural
a lua é estúpida.. ou curandeira...
olha-me.. como uma careta
a sobrancelha esquerda carregada
e a face direita desbotada
a boca é imensa.. mas fechada
no céu uniforme.. assusta as andorinhas
que pipilam em voos rápidos e imprevistos
até à colisão.. qual é a maluquice...
agora parece rir.. um riso de palhaço
o nariz da cor do seu espaço
mas os olhos parecem encovados
do olho esquerdo.. figura escorrer uma lâmina de enxurro
distorce-se.. agora é feia
e tem a boca cheia
desbota-se agora
não demora
que se afaste com vergonha
ainda ri.. mas o riso é mais poente
tem agora o feitio duma melancia
nenhuma estrela a avizinha
só um azul tríplice
terço de fogo.. água.. marinho aéreo
perdeu a boca
já não é mais.. que uma bola louca
mostra uma língua de fogo.. em jeito de cabelo
agora na cumeeira
uma minúscula estrela.. espia-lhe a noitada
não há mais nada
já não me olha.. apenas está
as andorinhas recolheram para o leito verde
o silêncio acentua o muar
daquela que não é.. nem nova. nem cheia
o céu já é uniforme
azul de fonte
e o astro é quase sol
aperta-se o verde do horizonte terrenho
vou dormir
a lua cansa-me.. de tanto brilhar
só mais uma coisa...
a estrela que lhe é perpendicular
é mãe ou filha...
e para onde foram as outras estrelas morar...
ferool (Fernando Oliveira)
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