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A corrida das nuvens

Não sei que estação é!
Mas todas correm para o norte
suponho que venham do sul!...

São flocos de lã branca
num chato espaço que não sabe dizer o nome.
Um céu azul careca, sem lua.
Perdão! Com uma lua falsa, ou então a minha vista é que é falsa.

Vejo agora uma lua de meio dia. - Quero dizer de noite meia.
Não sei que lua é. Mas perguntando nos correios, disseram-me que era cheia...
Cheia de quê, de mim, ou dela?
Nunca tive confiança com ela.

Tinha visto às seis horas da tarde, na viagem que fazia para o norte – uma lua gorda, à esquerda, à direita, em todos os pontos, de tal maneira a via, que tive que parar para a observar e ver se realmente existia. - Só creio nas luas fixas! Não gosto de luas que mexem...

Correm, correm, sem mudar de direcção.
Vejo-as agora amontoadas no mais baixo horizonte norte.
Vieram do sul, já disse.
Porque não foram em todos o sentidos
pois não havia vento de lado algum.

Vi uma vestida de gato, só com patas dianteiras.
Uma outra figurava uma padeira com cesto de onde caiam pães.
Depois uma confusão de pequenas que mais pareciam formigas.
Mas que corriam como baratas.
E para findar uma nuvem morcego.

Apalpei com o dedo húmido, o vento. Era vento tradicional, daqueles que nem uma mosca matam.

Então, porque corriam as nuvens?

Soube depois, que iam todas para o norte, inscrever-se numa corrida para o sul, quando a lua fosse vazia.

Que chatice, ter que esperar a nova corrida.
Sem chuva, sem calor, sem frio, sem nada.
Espero...


Antanho Esteve Calado

4 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

É muito bom apreciar a corrida das nuvens...enquanto passam formam figuras, contam histórias, e se correm, com certeza sabem para onde vão, e nós ficamos a olhá-las com vãos pensamentos, porque nunca irão nos contar...
um abraço e bom final de semana

Unknown disse...

Lindo, Fernando! Voce poetisou a linguagem das nuvens, das luas...do tempo, como nunca tinha visto!

Belíssimo!

Grande abraço

Mirze

fernando oliveira disse...

Caríssima é apenas um exercício de observação, nem sempre vemos as coisas, pois não olhamos, para que foram feitos os olhos? No meu caso, eu tento dar-lhe uma utilidade, que nem sempre resulta.

abraço

fernando

fernando oliveira disse...

Caríssima é apenas um exercício de observação, nem sempre vemos as coisas, pois não olhamos, para que foram feitos os olhos? No meu caso, eu tento dar-lhe uma utilidade, que nem sempre resulta.

abraço

fernando