era um dia chato no calendário ocidental
uma pedra na canícula
o erro do sol
aquele ponto sem leitura que simboliza a beleza duma estação esquisita
errou
no lugar de esquentar os peitos já crestados por beijos indecentes
que mirravam na procura do olhar infernal
cessou de emitir as mensagens de vaidade
ficaram na areia algumas nonas expulsas do livro sagrado
viradas do avesso rezando um verso particular
pedindo ao pai do azul
um sol ameno
que lhes permitisse sonhar
já não satisfaz
cascatear
o corpo enrodilhado em fitas improváveis e óculos de rã
havia um hiato no grito da criança traquina
que esbagoava nas costas da bendita
um arrazoo indelicado
uma afronta
a acareação entre a galinha e o ovo
depois da aliança parida
havia na mãe de penas
um arruar ímpio
uma chispa
tal bandarilha de ferro velho que trespassava o anjo inconveniente
mas o dia era chato demais
a criança mais bela que o sol
a fêmea ensanduichou o desacordo do dia chato
numa toalha convencional
olhou o sol que não era chato
foram para casa de mãos dadas
chupando o mesmo sorvete
ferool
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2 comentários:
Hoje vim ler estes versos, onde aprecio sua forma ousada de escrever, você prende o leitor do começo ao fim, fazendo ele reler tal o instinto que magnetiza nas palavras poéticas, adorei, fechou meu dia com chave de "ouro ".
Efigênia Coutinho
Aqui uma chuva de palavras desenhando um belo poema, como a canícula que traz outras características belas ao findar do verão.
Sempre muito bom vir até aqui.
Abraço!
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