a moça é magricela
de negro sujo vestida
de sujo negro
lavada
cravada de ferros em todo o seu fado
na pele como na roupagem
na alma como no passaporte
infanta de si
peregrina
filha de algum amor
que volveu loucura
agora sem baptismo
não sabe dizer pai nem mãe
a miséria é a arte da vida
na urbe estrangeirada
com ela
sete cães a olham
com fome de lenhadores
ela não vê nem olha
eles não a vêem olhando
desejos de jantar nas oito bocas
a moça descansa cercada pela muralha de cães
não fala
eles não latem
Lisboa à tarde
nas portas de Santo Antão
barriguda de miséria
à hora da refeição
ferool
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Contemporâneo a fala,e um belo poema na sua expressão,parabens.
Uma otima semana pra voce.
Abraço!
QUERIDO AMIGO... GOSTEI DO POEMA... UM ABRAÇO,
FERNANDINHA
"A MOÇA E OS CÃES" um poema lindissimo onde a parte social vivida nas grandes cidades se sobresai.
É forte e belo seu poema, meus sinceros parabéns, sáo palavras que revelam grande parte do nosso quotidiano, que bem precisa ser divulgado.
Obrigado Gleidston, um incentivo à criação.
abraços
fernando
Sonia, obrigada pelo comentário em jeito de passeio filosófico.
abraços
fernando
Fernanda
Obrigada pelo teu comentário.
abraço
fernando
é verdade Antonio, aquela situação não é que uma infima parte daquilo que um pensamento aflitivo com a - coisa social - vê, no caos urbano das cidades modernas, façamos viagens pelas rotas não-turisticas e veremos os montões de miséria.
abraços
fernando
Enviar um comentário